Por Adrianna Ribeiro
Não é incomum, considerando minhas madeixas acobreadas, que volta e meia eu me veja perdida em meio às palavras e seus significados. Eis que hoje discutíamos um texto de Borges e foi solicitado que refletíssemos sobre a epígrafe do conto “A Intrusa”.
Mas o que é uma epígrafe?
Segundo alguns dicionários, uma Epígrafe seria um título ou frase que serve de tema ou de introdução à um assunto.
Primeira dúvida. Qual é (ou quem é) a epígrafe? O título do Conto ou a referência à passagem da Bíblia?
Pois é.
Como eu me meto nestas enrascadas, eu não sei.
Se for o título, acredito que a expressão “A Intrusa” sumariza bem o conteúdo do conto pois fornece ao leitor de antemão a informação de que um personagem do sexo feminino vai ser o pivô de algo… E como o autor se refere a uma “intrusão”, pode-se afirmar ao se ler o título que a tal mulher provocou algum frisson onde quer que ela tenha se metido.
Por outro lado, se a epígrafe for a referência da Bíblia citada no texto, pode-se inferir que o conto tem a ver alguma outra passagem bíblica atribuída a ele, sendo a mais famosa o “Julgamento de Salomão”.
Mas seria só isso? Será que a citação à Bíblia não serviria de mera indicação ao “texto ou idéia” original de ondem Borges se baseou para o seu conto? Ou talvez ainda, a citação bíblica poderia servir apenas para nos mostrar que ele deu uma outra roupagem a uma história antiga, onde o desfecho surpreende o leitor.
Em resumo, depois de devanear sobre epígrafes e intrusas, não cheguei à conclusão nenhuma, e tô mais perdida agora, do que quando comecei a refletir sobre o tema proposto.
Intrusa mesmo foi a epígrafe que não devia ter se metido no meu dever de casa!
Ô, Epígrafe intrusona!